Falar de religião de forma que
não cutuque a ferida de ninguém é praticamente impossível, haverá aqueles que
leram esse post e o encararão como uma nova forma de enxergar as coisas, outros
o verão como uma tentativa de desvirtuar o caminho da fé.
Bom, na realidade, o caminho da
fé só pode ser desvirtuado ou modificado pelo seu paradigma, pelo seus sistemas
de crenças, ou seja, por aquilo que você acredita. Portanto, fique tranquilo,
aproveite a oportunidade para reforçar ainda mais no que você acredita, seja
você de qualquer religião e até mesmo ateu.
O preconceito religioso já foi, e
ainda é, motivo de disputas, discussões e até mesmo guerras, genocídios e
massacres. Estudando um pouco de história podemos contar inúmeras vezes que
batalhas e assassinatos aconteceram em nome de uma religião, em nome de uma
crença, em nome daquilo que eles acreditavam ser o certo, o único caminho. O
próprio nome do blog já diz, Todos os Caminhos Levam a Roma. O que acontece é
que a pessoa tende a olhar aquele que pensa diferente do outro como um erro,
como uma pessoa que está errada, errando e insisti em seu erro. Posto de outra
forma, em uma pessoa diferente e má.
Sim, má. Acompanhe meu raciocínio,
se você acredita em um Deus de amor, em um Deus que diz que ele é o caminho, a
verdade e a vida, que ele é o que é de mais real e verdadeiro, o que você diria
daquele que não é da sua religião? Herege! Se ele não acredita no mesmo Deus
ele só pode ser seu inimigo, não é mesmo? Imagine, ele irá perpetuar sua fé em
um Deus que não é o seu, irá criar desavenças de crenças, ira converter seus
irmãos para uma outra fé, irão mergulha-los no erro e consequentemente suas
almas irão encontrar um castigo infernal.
Infelizmente ainda há pessoas que
pensam assim e não são poucas. O porquê disso ficará para outra ocasião,
pretendo me manter apenas sobre o preconceito e o novo paradigma.
A necessidade do respeito
Preconceito gera desavença e
desarmonia, isso é fato. Porque viver em desacordo e conflito sendo que podemos
simplesmente aceitar um ao outro, respeitar e conviver em perfeita harmonia? Se
você é cristão, já disse Jesus, grande mestre místico, “amai uns aos outros
como ama a ti mesmo”, pronto. Precisamos mais que isso? Precisamos que alguma
religião nos diga assim “Se aquele cara não acreditar em Deus, taca pedra” ou “vai
lá, se explode e ganhe N virgens no céu”. Não, não é necessário nada disso.
Além do que, como um Deus de amor, ou melhor, como qualquer divindade perfeita
(onisciente, onipresente e onipotente, sabe tudo, vê tudo, pode tudo) pode ter
qualquer sentimento humano? Imagina se Deus não fosse só amor, se ele tivesse
cabeça quente. Um belo dia ele “acorda” com o pé esquerdo, bate na quina da
mesa e diz “bom, descontar a raiva... Kablam, raios e trovões”. Isso é bastante
ilógico não? Então, se em algum momento da história do nosso planeta esse
mandamento de amai uns aos outros, esse simplesmente mandamento, fosse seguido
ao pé da letra, não haveria conflito, não haveria guerra, não haveria
desrespeito, competição, nada disso.
Amai uns aos outros como ama a ti
mesmo, e como um passe de mágica, todo mundo seria feliz. Experimente.
Liberdade de escolha X Dogma religioso
Você poderá pensar e dizer o
seguinte “mas parceiro, você acaba de se contradizer, você diz que deve haver
respeito, mas acabou de falar mal da minha religião”. Não, não falei, eu não
estou atacando nenhuma religião, estou expondo uma visão, um paradigma, de amor
incondicional, de não haver uma necessidade real de seguir ao pé da letra de
você apedrejar, explodir, converter, viajar, comer só certo alimento, infligir
dor a outras pessoas.
Você tem total liberdade de
acreditar em qualquer divindade, qualquer Deus. Esse é seu livre arbítrio em
ação, essa é sua manifestação pessoal e individual de espiritualidade e deve
ser respeitada assim como você deve respeitar a todas as outras. Contudo, sua
liberdade acaba no exato momento em que você impõe sua religião a outra pessoa
ou que ela causa dano, físico, material, espiritual, não importa. No momento
que seu livre arbítrio ataca a saúde de outra pessoa, ele acaba, seja
religiosamente falando, seja judicialmente, seja o que for.
Você pode ser um
faquir? Pode.
Você pode se acabar em auto flagelação, não tem problema. Se você encontra Deus
dessa forma, que mal há? Agora, se você encontra Deus matando outra pessoa,
amigo, você tem sérios problemas mentais. Quando eu insisto que todos os
caminhos levam a Roma, é porque Deus só pode ser uma coisa, amor. Como você
encontra Deus? Amando.
Ah, mas o faquir se mata, se auto
flagela, se machuca, se “ama ao próximo como a ti mesmo” ele pode descer o
chicote nos outros... Já viu como esse pensamento é ilógico? E ignorante? A
auto flagelação acontece porque a pessoa acredita que merece ser castigada por
algum ato, e se castigando, ela é purificada. Basicamente é isso, mas a outros
motivos para auto flagelação (alcançar estados de êxtase por exemplo). Isso é,
e deve, ser respeitado. Mas no momento que ele pega um chicote e desce nas
costas de alguém porque ele não acredita, é de outra cor ou acredita em outra
coisa, aí você vê que não existe respeito algum, não existe amor nesse ato, não
existe nada além de uma ignorância sem tamanho.
O preconceito do Ateu
O que eu vejo atualmente em redes
sociais é um ateu “a toa”. Você não acredita em Deus? Ok. Mas você realmente
precisa atacar a religião alheia? Não. Antigamente, antes do advento da
internet, os ateus costumam ser pessoas cultas, educadas e em sua grande
maioria, amáveis e respeitosas. Porque? Exatamente porque viam em muitas
religiões a violência e o massacre e optavam por não fazer parte disso. Agora,
o que vejo em ateus (não todos, mas boa maioria), é uma moda boba que consiste
em atacar a religião, em usar argumentos dos mais esdrúxulos possíveis para se
auto afirmar que não acreditar em Deus é o certo. A visão desse tipo de ateu é
tão limitada, que sequer sabem que existem outras religiões, outros caminhos,
tantos outros caminhos... Como a maioria da população brasileira é cristã, a
religião que sofre mais ataques é claro, é a cristã. Contudo, se você é ateu,
você pode fazer a seguinte coisa; não acredite, não reclame. Eu sei que muita
da comunidade cristã, inclusive o próprio dogma prega isso, tenta disseminar a
sua religião, o que para muitos é irritante, mas ainda não é motivo para “revidar’.
Não quero dizer que o ateu deve
procurar uma religião, só não leve em conta que todas as religiões são iguais.
Ainda que o fim seja o mesmo, os dogmas são diferentes. Cabe ao ateu respeitar
a escolha pessoal de cada indivíduo. Você acredita que “Adultos com amigos imaginários
são estúpidos”? Tudo bem. Mas você acha certo incitar a raiva e a desarmonia só
por causa disso? Respeite, seja respeitado. E quando você for atacado por não
ter fé, respeite também, não revide, deixe que essa corrente de ódio e
desavença acabe em você.
Perpetue o amor, crendo ou não,
dessa forma, faremos do mundo um lugar melhor.
O preconceito do cristão
Agora é um ponto sensível.
Entenda que nem todo cristão é preconceituoso, dito isso, continuemos. O
preconceito cristão se dá basicamente em forma de defesa, mas não é contra o
mal ou contra o pecado, é contra a mudança de paradigma. Deixe-me explicar; o
cristão tem medo de ir para o inferno, então normalmente, quando um cristão é
tragado a uma discussão religiosa ou cientifica, a não ser que ele tenha uma
mente aberta, bem aberta, ele vai armar uma linha de defesa de argumentos para
defender sua crença de uma forma que beira o ridículo (satã colocou os
dinossauros para nos confundir). Contudo, deve-se levar em conta que o
preconceito é sempre uma questão de ignorância, ou seja, devemos agir com tolerância
com aqueles que nos atacam dessa forma. O cristianismo sempre foi um grande
inimigo da ciência em geral, o que acarretou nos dias de hoje tanto conflito
entre ciência e religião, mas não precisa ser assim. Atualmente há uma ascensão
no nível de consciência, tanto cristã quanto cientifica, levando os dois lados
da mesma moeda a finalmente se encontrarem.
Até lá, devemos nos esforçar para
destruir velhos paradigmas, passar por cima da raiva e do ódio para podermos
finalmente seguir as palavras dos grandes mestres, sejam eles Jesus, Buda ou
quem quer que seja o Deus do seu coração.
O problema do fanatismo
Uma vez eu ouvi dizer que todo “ismo”
é ruim. Não é exatamente isso (altruísmo é bom), mas boa parte deles sim. O
religioso fanático, seja de qualquer religião, vai causar problemas. Lembram da
questão sobre livre arbítrio? Ele acaba quando você atrapalha o do outro. O
fanatismo já foi responsável por guerras, genocídios, massacres, barbáries inimagináveis
que eu não vou comentar (nem dar link para vocês procurarem) para não
disseminar esse ódio, mas ele existe, está aí, manchando a história da nossa humanidade.
Na realidade brasileira, durante
muito tempo, até próximo ao período republicano, a liberdade de culto sofreu
perseguições pelo Estado e pela Igreja do Estado, pois impediam a manifestação
de outra crença sob argumentos os mais disparates, temendo a contestação à ideia
de um só Estado e uma só religião. (RIBEIRO, 2002, p.38).
O fanatismo cega qualquer forma
de paradigma. O fanático nunca vai olhar outro ponto de vista, pesar, analisar
e tomar uma decisão. Ele vai apenas cruzar os braços e falar “dinossauros não
existem, a terra tem 3000 anos, ciência é o diabo”. Poxa, isso é exatamente o
que queriam que acreditássemos, que nos tornássemos. Já passou da hora de
puxarmos o freio de mão, descer do carro e olhar a estrada que estamos
seguindo.
Da necessidade de um novo Paradigma
O paradigma é tudo. Acreditem.
Você é aquilo que você pensa,
lembram dessa frase? Você é aquilo que você acredita. Mas eu vou ser o Superman
se eu vestir uma capa? Aí vem a fé e além da fé as leis que regem o universo.
Não digo que você vá voar, mas já ouvi relatos de
soldados que as balas
simplesmente o erravam.
O que eu quero dizer com
paradigma é tudo é que, no momento que você mudar a forma de enxergar as
coisas, seu sistema de crenças, você muda você e o mundo ao redor. No momento
que você troca o preconceito por amor, você está inundando o mundo inteiro de
energia positiva, além de você mesmo e o amado, é claro. Imagine se Hitler
amasse os judeus? Imagine o que seria da Alemanha hoje se Hitler tivesse
adotado outra postura, ou se os inquisidores seguissem o tão aclamado “amai uns
aos outros” etc. Vocês conseguem perceber a magnitude que um simples gesto pode
fazer ao mundo? Pense nisso, reflita por um segundo:
Você tem preconceito contra alguém
ou alguma fé?
Eu sei que tem, todos temos,
pense novamente.
Agora imagine o preconceito
sumindo e dando lugar ao amor, imagine você abraçando um ateu, um cristão, um
mulçumano, um cientista, um político...
Viemos todos da mesma fonte e
retornaremos todos para ela, um dia. Somos todos parte do Todo, somos todos
partes de Deus, seja ele o seu, o meu, ou dos Esquimós.
Para concluir esse post, eu
gostaria de deixar um verso de uma música do Gabriel, O Pensador. Sim, ele
mesmo, jogue no chão o preconceito e reflita sobre esse verso.
“Muda, que quando a gente muda o mundo muda com a gente
A gente muda o mundo na mudança da mente
E quando a mente muda a gente anda pra frente
E quando a gente manda ninguém manda na gente!
Na mudança de atitude não há mal que não se mude
nem doença sem cura
Na mudança de postura a gente fica mais seguro
Na mudança do presente a gente molda o futuro!”
Obrigado por lerem.
Sei que o post foi longo (você
acaba de ler 4 páginas A4) mas sei que valeu a pena.
Meus mais sinceros votos de paz e
compreensão a você leitor e até a próxima!
Quer ler mais? Entenda o porquê desse post:
Uma breve história para explicar
o porquê desse post. Eu era cristão, batizado na Igreja Católica. Contudo, a
forma que eu enxergava Deus não era por amor, eu não amava aquele Deus que era
descrito na Bíblia, eu tinha medo dele. Medo de ir para o inferno, medo de cair
em seu lado ruim. Me ocorreu que medo não é o que deve levar alguém a acreditar
em Deus, e sim o amor. Ao encarar que tinha medo, decidi mudar, decidi encarar
uma nova visão, procurar, realmente, aquele Deus que vive em meu coração e não
um Deus que mandaram eu acreditar.
Veja, eu tenho amigos cristãos,
amigos ateus, amigos “eu acredito em alguma coisa maior que eu”, tenho amigos
que eram espiritas e viraram cristãos, cristãos que viraram pagãos e por aí
vai. Aí, nesse momento, você poderá pensar que eles são “vira folha”, que na
realidade eles estão perdidos, não sabem o que buscam, não tem fé. Não é bem
assim, o que acontece é que eles foram postos em um caminho, em um sistema de
crenças, que não condizia com o Deus de seu coração, com como eles compreendiam
Deus. O que fizeram então foi procurar outro caminho, algo mais, outros olhares
sobre a mesma questão. E encontraram. Você também pode encontrar se estiver
disposto a abrir sua mente, encarar novos paradigmas, ver quem realmente habita
seu coração. E por favor, não pense porque se você é cristão e sente que a
religião muçulmana toca mais seu coração, que isso foi implantado pelo diabo.
Não foi.
Vamos vencer o preconceito e intolerância
religiosa, juntos.
Todos os caminhos levam a Roma,
lembre-se disso.