O Carma Explicado

Aviso aos ocultistas e místicos; Esse artigo visa explanar o carma como um todo, de forma fácil e introdutória, para que leigos e estudiosos possam contemplar esse conhecimento. Qualquer pergunta, duvida ou contradição estou à disposição para responde-los.

Mas afinal, o que é carma?

Carma é uma lei universal e imutável que remete a um princípio hermético, o da lei da ação e reação. O carma mostra como funciona essa lei e o resultado de seus atos. É necessário entender que a lei do carma aceita a reencarnação e qualquer corrente filosófica ou religiosa que não a aceite, o carma fica inviável de ser contemplado.

O carma é gerado através de uma ação, que gera uma reação, logo, ele é a lei que cumpre essa máxima, que para toda ação existe uma reação. É preciso entender que o carma é amoral, ou seja, nossa moral humana e nosso conhecimento de bem e mal não se aplicam a lei do carma. O que se aplica é a reação de cada ação.

Dito em palavras que não são minhas;

“Toda Causa tem seu Efeito, todo o Efeito tem sua causa; tudo acontece de acordo com a Lei; o Acaso é simplesmente um nome dado a uma lei não reconhecida; há muitos planos de causalidade, porém nada escapa à Lei” – O Caibalion (Principio Hermético do Carma)

“Uma lei imutável que possui seu aspecto característico justamente no princípio do Akasha, é a lei de causa e efeito. Toda causa provoca um efeito correspondente. Essa lei vale em todos os lugares, como a lei suprema; assim toda ação tem como consequência um determinado efeito ou produto. Por isso o Karma deve ser considerado não só uma lei para nossas boas ações, como prega a filosofia oriental, mas, como podemos perceber nesse caso, seu significado chega a ser bem mais profundo. Instintivamente, as pessoas sentem que todo o bem só produz bons frutos e todo o mal tem como consequência a produção de coisas más; ou como diz a boca do povo: “O que o homem semeia, ele colhe.” Essa lei irrevogável deve ser conhecida e respeitada por todos.” –Franz Bardon, Magia pratica (O caminho do Adepto)-

“Por essa razão é que nada existe de inútil nem perdido. Toda palavra e todo movimento marcham pró ou contra o equilíbrio, pró ou contra a verdade; porque o equilíbrio representa a verdade que se compõe dos pró e do contra conciliados, ou pelo menos, reciprocamente calibrados.” –Eliphas Levi, Dogma e Ritual de Alta Magia-

“Todo ato, se gera uma consequência, resulta também de uma causa: necessidade de atividade, necessidade de conhecimento ou manifestação da vontade, quer se trate do ato do criador ou do ato da criatura. Para o criador, o carma é o instrumento de seu projeto, para a criatura é o instrumento de sua evolução; a criatura executa o projeto do criador através de uma sequência de atos cujas consequências se enquadram tanto na progressão da entidade criada quanto na realização da entidade criadora, e isto pelo canal do Akasha ou elemento elétrico, cuja plasticidade ou, poderíamos dizer, cuja elasticidade, permite expansão.” – Thierry Guinot, O Carma ou a casualidade projetiva.

Mas como gero carma?

Qualquer ação que você faça, que provoque uma reação, gerará um carma, como disse Eliphas Levi. Jesus dizia que ao levar um tapa, devemos mostrar a outra face. Mas mostrar a outra face e desejar em silencio que aquela pessoa morra de câncer não adianta em nada e o carma continua a rodopiar e fazer seu trabalho. Na doutrina espírita, o carma se reflete em como você lida com as expiações que foram propostas por você mesmo antes de encarnar e por Deus, causa primeira de todas as coisas. Se levarmos em conta o Espiritismo, podemos ver o carma como algo que agrega valores, positivos e negativos, em sua existência como Espirito, a qual irá influenciar o seu caminho de evolução para planos mais sutis de existência.

O carma começa a contar quanto você tem conhecimento de suas ações. Uma pedra, uma arvore, um cachorro, uma criança ou uma pessoa com problemas mentais não está acometido a variações desse carma, ele não “escolhe” agir, ele não “decide” entre A e B, entre bem e mal, entre certo e errado. O carma age de forma justa de acordo com a lei do Criador, do Arquiteto do Universo, ou se você preferir, de Deus.

Quando você sofre uma injustiça, você tem basicamente três escolhas; Vingança, omissão e reparação. No que diz respeito a vingança, você apenas repete o ato, o olho por olho dente por dente resulta em violência que gera violência. A omissão o deixa com seu carma, e você omite de gerar carma e também abre mão do seu direito de defender-se. A reparação então, é aquela em que você se omite de gerar novamente o ato, mas repara o dano causado em si mesmo. Lembram do princípio da Lei de Causa e Efeito do hermetismo? Então, é dessa forma que o carma é gerado e aplicado.

O Carma é injusto? Porque o rico fica cada vez mais rico, o pobre cada vez mais pobre e eu só me dou mal?

Essa questão envolve não só o carma, mas também a Lei da Atração, ou sintonia. Quanto mais você se harmoniza com algo, se sintoniza com algo, mais aquilo será atraído para sua vida. O rico que vive rodeado de riquezas, é claro que ele vai atrair para si só mais riquezas, e o pobre, rodeado de pobreza, chafurdado na própria miséria, ficará lá até tomar uma atitude de sair da situação que se encontra, o que as vezes é extremamente difícil.

É necessário entender também que há carmas a serem “pagos”, que você escolheu viver nessa encarnação para que seja apagado da sua senda, para que você possa continuar sua evolução sem aquilo que lhe impedia de prosseguir. As vezes esse pensamento pode causar revolta como “Que tipo de idiota iria escolher ser pobre, manco, ter câncer e viver sofrendo até os 70 anos?”. As vezes também a Causa Primeira, o Arquiteto do Universo, Deus ou como preferir chamar, tem um proposito que nos escapa o entendimento.

Como o carma explica as dores da África? A fome e a miséria? Mera expiação? Uma missão de almas sofridas? Seriam espíritos densos que ainda não conseguiram determinar sua senda, sua evolução? Estão lá para que nos movamos, para que lutemos por algo? E as vítimas de desastres? E os assassinatos? E as crianças inocentes que são violadas e mortas?

Meu caro leitor, eu também gostaria de entender perfeitamente essas questões, mas toda a resposta que encontrei e que pude compreender foi a seguinte:

“Existe o carma do assassino e da vítima.” E isso causa uma revolta ainda maior, um reboliço de sentimentos...

Se voltarmos a explicação de Eliphas Levi, de “que nada existe de inútil nem perdido. Toda palavra e todo movimento marcham pró ou contra o equilíbrio, pró ou contra a verdade; porque o equilíbrio representa a verdade que se compõe dos pró e do contra conciliados, ou pelo menos, reciprocamente calibrados.” Poderíamos até pensar que toda a maldade do mundo existe para que a bondade seja notada, para que ela possa existir, para que o equilíbrio seja mantido. O Yin Yang em harmonia, se há luz, existe as trevas, uma não pode existir sem a outra.

É por isso que a justiça carmica só faz sentido e só pode ser considerada justa se aceitarmos também a existência da reencarnação.

Me tira esse carma! Como se livrar do carma?

Para os budistas, o libertar do carma, e assim da roda do Samsara (de reencarnações), advém da não ação. Para eles, há quatro tipos de ações, sendo elas:

·         As ações impuras, que violam a Lei e produzem um resultado negativo.

·         As ações puras, que obedecem a Lei, com resultado positivo.

·         Ações mistas, alternadamente puras e impuras, com resultados mesclados.

·         Neutras, nem puras nem impuras, sem intenção de resultado, dessa forma sem resultado porque levam a extinção do carma.

Dessa forma, para os budistas, somente a ação neutra permite se livrar do carma. Vamos por dois exemplos, um puro e um impuro. Imagine uma pessoa na rua, passando fome. Você a dá um prato de comida, isso é um ato de generosidade, você o considera puro e o carma gerado como resultado será positivo. Isso lhe prende a roda de Samsara pois você merece uma “recompensa” por esse ato. Agora imagine que uma pessoa faça uma fofoca de você no trabalho e você, para dar o troco, faz outra dessa pessoa. Isso é um ato impuro, gera energias negativas e consequentemente há a necessidade de se “pagar” por essa ação, novamente lhe prendendo ao Samsara. No caso da neutras, o carma cessa, pois não há nenhuma ação para gerar a reação.

Para os espíritas já é diferente, quando você finalmente evolui, ou seja, quando seu espirito, e não seu eu de agora, evolui graças as várias vindas a carne e as expiações e missões realizadas na Terra, ela ascende. O espirito então começa a pertencer a camadas e níveis de existência cada vez mais sutis até chegar o momento que, em sua perfeição, ele pode encontrar à Deus e se unir novamente a Causa Primeira.

Em minha opinião sincera, eu vejo o carma da seguinte maneira. Se uma pessoa lhe prejudicou por exemplo lhe aleijando com um golpe, a pessoa que aleija só pagará por esse carma se devolver a pessoa aleijada a habilidade de locomover-se e não fazer com que esse aleijamento seja empecilho para uma vida feliz. Penso eu, ainda como estudante, que um carma onde a pessoa simplesmente seja aleijada na vida posterior seria mera vingança, e vingança não é um atributo nobre, muito menos divino.

Assisti certa vez uma palestra que não me recordo se era do Prof. Laercio ou algum outro, que um assassino pode reencarnar como pai do assassinado, ou amante, irmão ou coisa do tipo, para reparar, através do amor, o erro cometido. Isso faz mais sentido para mim, levando em consideração que o Criador não pode ser nada além de amor, mas isso é assunto para um outro post. J

O que gera carma negativo e positivo?

Essa é uma boa pergunta, e devido a sua complexidade não é pretensão minha responde-la. Mas vou tentar dar uma luz a essa questão.

Entenda carma não como bem e mal, e sim como seguir ou não a Lei, de forma amoral. Exemplo, matei alguém, carma mal? Dei um prato de arroz, carma bom? Quem vai decidir isso não sou você ou eu, mas sim aquele que arquitetou esse momento, podemos chama-lo de Deus, ou o Criador, ou Arquiteto do Universo, a Causa Primeira de todas as coisas. A Lei criada por Ele vai decidir entre carma positivo ou negativo. Isso nos dá o direito de matar e estuprar? Não, claro que não. Para qualquer dúvida entre certo e errado, entre carma positivo e negativo, consulte sua consciência, ela vai lhe mostrar bem essa questão. As vezes nos encontramos com situações onde acreditamos ser certas, mas a sociedade nos impõe que é errada, como o consumo de bebidas alcoólicas, o homossexualismo, a bigamia e segue a lista... Futuramente, farei um novo post sobre carma discutindo alguns tabus e o porquê deles gerarem ou não carma.

Para concluir esse pequeno resumo do carma, gostaria de deixar aqui um trecho do Taittirîya-upanishad (2.9) que considero esclarecedor em questão a negatividade ou positividade do carma:

“Aquele que conhece o Brahman,

Do qual vêm as palavras,

Se não o alcançou pelo pensamento,

Não tem medo de nada.

Em verdade, ele não se atormenta, dizendo:

Por que não fiz o bem?

Por que fiz o mal?

Aquele que assim sabe

Salva-se a si mesmo.

Livra-se desses dois pensamentos

Aquele que assim sabe.

Tal é a doutrina esotérica”

Agradeço pela leitura e espero ter dado, ao menos, uma luz sobre esse assunto tão simples mas tão polêmico e controverso. Aceito perguntas e discussões nos comentários para enaltecer o assunto.

Obrigado pela leitura, e meus mais sinceros votos de paz e prosperidade a todos vocês leitores.

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Referencia Bibliográfica

·         O Carma ou a Causalidade Projetiva – Thierry Guinot (Editora Diffusion Rosicrucienne)

·         O Livro dos Espiritos – Allan Kardec (Instituto de difusão espirita)

·         Dogma e Ritual de Alta Magia – Eliphas Levi (Madras Editora)

·         O Caibalion – (Editora Pensamento)

·     Leis Espirituais que Regem a Humanidade e o Universo – Lonnie C. Edwards (Editora Diffusion Rosicrucienne)